Tão logo a guerra na Ucrânia começou, os governos dos Estados Unidos e da União Europeia se mobilizaram e lançaram sanções econômicas e financeiras contra a Rússia, inclusive mirando oligarcas e super-ricos do país. Foram decisões-relâmpago diante de uma situação excepcional de guerra. Mas enquanto existir sigilo financeiro, será muito difícil rastrear bens e ativos dos superricos russos ou de qualquer parte do mundo.
O É da sua conta #35 mostra como é possível pôr um fim no sigilo financeiro e, com isso, combater a corrupção global, abuso fiscal e fluxos financeiros ilícitos. Esses crimes causam enormes danos para populações no mundo inteiro há muito tempo — e não são cometidos apenas por oligarcas russos.
Ouça no É da sua conta #35
- População civil é sempre a maior vítima das guerras: 20 anos após acordo de paz, Angola ainda sofre com as feridas da guerra civil
- Quais os efeitos de sanções econômicas para a promoção da paz em tempos de guerras
- Sanções contra a Rússia não são suficientes enquanto paraísos fiscais e sigilo fiscal não são atingidos.
“Quando independente, Angola era o terceiro país mais desenvolvido da África. Agora, 20 anos depois da guerra, ainda estamos pagando a dívida para reconstruir o país.”
Celso Malavoloneque (ex-Unicef Angola)
“As sanções à Rússia são bem vindas, mas não são suficientes. Sem mais transparência financeira, quando a gente não abre o segredo dos paraísos fiscais, faltam recursos para achar riqueza escondida, e os oligarcas russos podem transferir seu dinheiro para outros paraísos fiscais com menos transparência.”
Matti Kohonen (Coalização Global por Transparência Financeira)
“[Com as sanções] Se busca arruinar os adversários econômicos, ou seja, estimular de alguma maneira uma agitação de natureza social, influenciar o poder e decisões políticas no país, que vai se ver pressionado a cessar o conflito bélico.”
Thauan Santos (Escola de Guerra Naval)
“O importante agora é pressionar para fechar as brechas. Por exemplo, poderia insistir-se que o proprietário final de ativos deva ser inscrito num registo público, quer seja ou não proprietário direto ou indireto através de uma empresa de fachada num paraíso fiscal. O não cumprimento acarreta penalidades fiscais.”
Nick Shaxson (Tax Justice Network)
Participam deste episódio
Celso Malavoloneque – jornalista, funcionário do Unicef durante a guerra civil em Angola
Matti Kohonen – Coalizão Global por Transparência Financeira
Thauan Santos – Escola de Guerra Naval
Nick Shaxson – Tax Justice Network
Transcrição do episódio
É da sua conta é o podcast mensal em português da Tax Justice Network. Coordenação: Naomi Fowler. Produção: Daniela Stefano, Grazielle David e Luciano Máximo. Download gratuito. Reprodução livre para rádios.